terça-feira, 13 de maio de 2008

13 de Maio

Dizem os médicos que a parte mais intensa do meu tratamento está feita. Acrescentam sempre que o tratamento ainda não acabou e que o percurso à nossa frente ainda não tem fim à vista. Nestes primeiros 7 a 8 meses recorreu-se a uma quimioterapia forte, verdadeiro tratamento de choque - mas tinha de ser assim - e agora com a radioterapia e o início da quimioterapia profiláctica, chamados de manutenção, trabalha-se sobretudo para a prevenção e para a hipótese de uma recaída nos próximos anos.

Quem sabe destas coisas lembra sempre com ar pesaroso que apesar do bom andamento que o meu caso tem tido não deixará de ser um processo longo. Sei por experiência que nenhum caminho é longo demais quando um Amigo nos acompanha. É isso que me tem feito sorrir mesmo nos momentos difíceis em que mal mexia os braços ou as pernas de tão exausto que o meu corpo estava. Além disso, nós as crianças temos esta facilidade acrescida. Podemos ter num momento uma dor violenta, podemos até ficar quase imobilizadas mas se alguém diz uma gracinha, uma palavra, a dor fica como que esquecida, o sorriso nasce e o tempo passa mais depressa. Os meus pais dizem que é porque sendo muito crianças, estamos ainda muito próximos de Deus e tal como Ele é supersónico a perdoar os pecados fazendo-os desaparecer desde que cada um de nós queira, nós as crianças também somos rápidas na procura do melhor naqueles que nos rodeiam para buscar alegria, ou soltar uma gargalhada.

De qualquer forma, na próxima sexta-feira dia 16 termino estas radioterapias e com elas a necessidade de fazer todos os dias pelas 8h30 da manhã uma anestesia geral que sempre me deixa sem grande vontade de brincar durante a tarde. O futuro, mesmo que longo, será mais leve.

E há mais uma coisa: o fim das doses letais e o início dos tratamentos de manutenção não podiam calhar em melhor mês. Maio, mês de Maria, mês de romarias, de peregrinações. Um mês inteiro cheio de festas a Nossa Senhora e de recordações marianas. Eu por mim vou tentar honrar Nossa Senhora em cada dia deste mês. E segui-la, a Ela que diz " façam tudo o que Ele vos disser".

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My doctors say that the most intense part of my treatment is concluded. They always add that the treatment is not over and that the way ahead still has no end in sight. These first 7 to 8 months required tough chemotherapy, a real choc treatment – but it was necessary. Now, with radiotherapy and the beginning of prophylactic chemotherapy, called 'maintenance', they are working mostly on prevention and to avoid of a relapse in the next few years.

People who know about these things remind us with a heavy heart that, despite how well my case has gone, this is a long process. I know from experience that no journey is too long when we are accompanied by a Friend. That is what has made me smile even at the darkest moments when I could barely move my arms and legs, so exhausted was my body. It is true that we children have this added ability. We may have a violent pain at a particular moment, be struck numb but if someone cracks a joke or says a word, the pain is as forgotten, the smile comes back and time goes by faster.

My parents say that it is because, being children, we are so much closer to God. And just as He is supersonic to forgive our sins and make them disappear so long as we wish it, we children are also quick at looking for the best in those around us to make joy blossom or laugh.

Be as it may, next Friday the 16th I am done with the radiotherapy and with the need for general anesthesia every day at 8.30 in the morning. The future, however long, will be lighter.

And there is one more thing: the end of the lethal doses of chemotherapy and the beginning of the maintenance treatments could not fall at a better time – May, the month of Mary, month of romarias, of pilgrimages. An entire month dedicated to Our Lady and Marian festivities. I for one, will try to honor Our Lady every day of this month. And follow She who says: «Do whatever He tells you.»

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