domingo, 23 de março de 2008

23 de Março

Queridos todos

Passei uma semana verdadeiramente Santa. Sem cateter, febre, análises, transfusões, remédios e afins… a mim soube-me que nem ginjas! Pude brincar à vontade e aproveitar os meus irmãos estarem de férias. Que bom sermos alguns porque foi divertidíssimo. Fizemos tantas brincadeiras que às vezes dávamos por nós todos a rir às gargalhadas com as coisas mais insignificantes. Enfim, para mim foi uma espécie de Céu na terra...

E sabem que mais? No Domingo ressuscitou o nosso Jesus, venceu a morte, a dele e a minha, e a minha alegria não tem fim! Pude ir à Missa cantar aleluias e o meu coração transborda de felicidade. Hoje mais uma vez recebi esse grande dom que é a Paz, Paz que só o Príncipe da Paz pode trazer e que se enraíza nEle que é Deus e se fez um de nós, que nos amou até à morte e morte de cruz e que ressuscitou para nunca mais morrer!

Em Paz, volto para o IPO na próxima terça-feira 25 para fazer anestesia geral e essa micro-operação que é pôr o cateter. Depois começo a quinta quimioterapia… No hospital passarei toda a semana e Domingo dia 30 de Março, espero escrever-vos de casa, e aqui começar a nova aplasia.

Até lá, como eu, gozem bem este renascer que nos é oferecido, este ano outra vez, fresco, luminoso, cheio de paz e alegria. Beijinhos, sempre vossa

Marta

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Dear everyone

I spent a truly Holy Week. Without catheter, fever, analyses, transfusions, medications and the likes… it felt fantastic! I was able to play at ease and take advantage of the fact that my brothers and sisters were on vacation. It is great that we are a few of us because we had great fun. We ended up laughing like crazy at the simplest of things. So for me, it was like heaven on earth...

And you know what? On Sunday, our Jesus resurrected, overcame death, His and mine, and my joy has no end! I was able to go to Mass sing alleluias and my heart overflows with happiness. Today, once again, I received that greatest of gifts, the gift of Peace. That Peace which only the Prince of Peace can bring, which is rooted in Him who is God and became one of us, who loved us till death and death on the cross, and who resurrected never to die again!

In Peace, I shall go back to the hospital next Tuesday 25th to get a general anesthesia and have that micro-surgery done which is the placing of a catheter. Then, I’ll start the fifth chemotherapy... I’ll spend all the rest of the week in the hospital and on Sunday 30th I hope to write from home where I shall wait for the zeroing of the data.

Till then, like myself, do enjoy the rebirth that is offered us again this year, fresh, full of light, peace and joy. Kisses, yours truly,

Marta

domingo, 16 de março de 2008

16 de Março

Queridos todos

Pois é, na terça-feira dia 11 lá fui fazer o penso e as análises. Estas mostraram que estou prontinha para a próxima quimio. Quanto ao penso… foi preciso tirar o último ponto que segurava o cateter e fez-se dose reforçada de adesivos.

Só que na sexta-feira sabe-se lá porquê, os adesivos torceram-se e descolaram-se em parte e… o cateter saiu! Ainda se pôs a hipótese de ir colocar um novo na própria sexta dia 14 mas chegou-se à conclusão que o melhor mesmo era fazer a coisa com calma.

Assim, já não vou internar na segunda, passo a Semana Santa em casa e no dia 25 então dou entrada para pôr cateter novo e começar esta quinta e provavelmente última dose de quimio.

Já aproveitei para tomar belas banhocas e andar a brincar descontraída sem a complicação do cateter pendurado. Os manos acham imensa graça porque eu agora aponto para o sítio onde estava o ‘catéta’ como eu digo, e explico que ele não está lá!

Eu até estava cheia de balanço para ir começar a quimioterapia na segunda-feira da Semana Santa, parecia-me uma boa maneira de estar em sintonia com Jesus, e até tinha a companhia do Primo Salvador, mas Deus lá sabe... Como os valores estão bem, se calhar vou dar uns passeiozinhos... aproveitar estas abertas que Deus me dá.

Hoje gostei especialmente de ir à Missa à minha Paróquia. Domingo de Ramos é um dia forte, muito intenso e toda a cerimónia foi um deslumbramento de espiritualidade, elevação, dignidade e beleza. A procissão de aclamação de Jesus Hossana, Filho de David, que começou fora da Igreja, deu-me ainda mais vontade de louvar a Deus. E gosto que o facto histórico que aqui se celebra seja lembrado no mesmo dia em que ouvimos o relato da Paixão e Morte de Jesus. Quão rápido se passa do elogio à condenação!

É verdade que eu, por ser pequenina mas não só, gosto mais do Natal, porque me comove sobremaneira que o meu Deus tenha querido ser igual a mim; e isso é já o que me salva. Mas estou tão reconhecida a Jesus que Ele tenha ido até ao fim no seu amor por mim! E que tenha aceite morrer de morte dolorosa, violenta, humilhado e abandonado. Assim sei que o que quer que me possa acontecer na vida, nunca estarei sozinha porque o meu Senhor lá estará comigo. E por isso nada temo. Obrigada, meu Jesus!

Em silêncio, adoração e acção de graças vou viver estes dias. Porque eu tenho a dita de saber que daqui a três dias o meu Senhor ressuscitará para não mais morrer e que me guarda um lugar ao pé d'Ele!

Até para a semana, desejo a todos uns dias muito cheios de Deus.

Beijinhos da Marta

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Dear everyone

As expected, I went to the hospital on Tuesday the 11th to dress the catheter and have the blood tests done. These showed that I am ready for my next chemo. As far as the catheter is concerned… the last stitch was taken off and an extra dose of adhesives was put in place.

But on Friday the 14th, for no apparent reason, the adhesives stopped adhering... and the catheter came out! There was talk of my going that very day to the surgery room to replace it, but it was eventually decided it was better not to rush things.

So I am no longer going to the hospital on Monday, instead I’ll spend Holy Week at home and then on the 25th, I’ll check in to put a new catheter and do my fifth and hopefully last chemo.

I have put the situation to good use, taking long baths, and enjoying playing around without the hassle of a hanging catheter. My brothers and sisters find it very funny that I now point to the spot that housed the ‘catéta’ – as I call it – explaining that it is no longer there!

I must say, I was ready to start chemotherapy on Monday of Holy Week. It seemed like a fitting way of being in tune with Jesus and I even had the company of Cousin Salvador, but God knows best... With the data so well, I might just go out a little bit... take advantage of these brakes God gives me.

Today I particularly enjoyed going to Mass at my Parish. Palm Sunday is such a forceful, intense day, and the celebration was a marvel of spirituality, sacredness, dignity and beauty. The acclamation procession for Jesus Hosanna Son of David, which started outside the Church, gave me an even greater desire to praise God. And I appreciate the fact that this historical moment is remembered on the same day we listen to the account of the Passion and Death of Jesus. How swift is the transition from praise to condemnation!

It is true that I, in part because I am small but not only, prefer Christmas: I am moved beyond saying that my God decided to be like me; and that, right there, is my salvation. But I am so grateful to Jesus that He went all the way in His love for me! And that He accepted to die a suffering and violent death, humiliated and abandoned. I now have the certainty that whatever happens in my life, I shall not be alone, for my Lord will be there with me. And that is why I have no fear. Thank you, my dear Jesus!

I shall live these days in silence, adoration and thanksgiving. For I am privileged to know that my Lord will rise in three days, never to die again, and that He keeps a place for me, close to Him.

Until next week, I wish that you may have your days filled with God.

Love, Marta

domingo, 9 de março de 2008

9 de Março

Queridos todos

Cá estou eu a escrever-vos de casa. Viemos do hospital na terça-feira embora eu ainda não estivesse completamente bem. A minha Mãe achou que estava na hora de vir dar um bocadinho de apoio ao resto da família, já que desaparecemos a meio da noite e já tinha passado mais de uma semana no isolamento. Como os valores tinham começado a curva ascendente, os médicos foram compreensivos. E não é que na sexta dia 7 já tinha mil neutrófilos! ...e o resto a condizer. Querem melhor que isto?

Foi também decretado o fim do anti fungico que eu andava a tomar de uma forma ou outra há quatro meses. Eu até nem desgostava da versão oral do remédio, mas quanto menos coisas, melhor. Assim, até nova ordem, a batalha dos fungos foi ganha.

Agora tenho uma semana de luxo em casa. Só terei que ir na terça-feira fazer o penso do cateter, ver se os pontos que infectaram estão já bem, fazer análises. E se estiver tudo nos conformes, começo a minha quinta e última quimioterapia na segunda-feira da Semana Santa.

Os meus Pais estão muito sensibilizados com tantíssimas mensagens de apoio que têm recebido. É com toda a humildade que as recebem e vão dando graças a Deus que tão bem sabe escrever direito por linhas tortas.

Um beijinho a todos,

Marta

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Dear everyone

Here I am, writing to you, from home. We left the hospital on Tuesday afternoon although I was not completely recovered. My Mother thought it was time to come home, give some support to the rest of the family, given that we disappeared in the middle of the night and that more than a week had been spent in isolation. Since my data was moving up, the doctors accommodated us. And is it not amazing that on Friday, I already had a thousand neutrophiles to show for, and the rest of the data followed through. Could you hope for more?

The end of the anti fungi medication, which I had been taking in one form or another for the past four months, was officially declared. I did not dislike the oral medication, but less is more, right? So, unless something happens to contradict this, the battle over the fungi has been won.

Now I am poised to enjoy a cosy week at home. I will have to go on Tuesday to the Hospital to dress the catheter, see whether the infected stitches have healed and for blood tests. If everything goes according to plan, I will start my fifth and last chemotherapy on Monday of Holy Week.

My Parents are very touched by so many messages of support they are receiving. They are humbled by them and are grateful to God who, like the Portuguese saying goes, writes straight through crooked lines.

A kiss to everyone

Marta

segunda-feira, 3 de março de 2008

3 de Março

Queridos todos

O meu novo cateter tem dado que fazer: dois dos pontos infectaram e foram retirados na segunda-feira dia 25. Mas os valores já estavam a zero há alguns dias e por isso veio a febre e o internamento no IPO para isolar e fazer antibióticos. Assim temos estado. Sábado dia 1, acordei muito chorosa a queixar-me do cateter e teve que se tirar mais um ponto: agora já só tem um ponto a segurá-lo com apoio de adesivos. Os valores continuam muito baixos, fazem-se análises todos os dias e as transfusões a condizer... O meu cabelo que estava a crescer depois de ter caído com o primeiro tratamento, está outra vez a cair. Já me habituei a gostar de mim "carequinha" como me chamam cheios de ternura os manos.

Uma das médicas do IPO deu a ler à minha mãe uma peça de teatro que está agora em cena em Lisboa no Teatro Dona Maria. Chama-se 'Oscar e a Senhora Cor de Rosa' de Eric-Emmanuel Schmitt, traduzida pela Ivone Moura e pela Lídia Franco, a actriz que protagoniza a peça. A minha Mãe que não é de ficar com as coisas só para si, leu-me a história aqui no IPO e rimo-nos muito as duas. É a história do menino Oscar que tem oito ou dez anos (não me lembro ao certo mas sei que é muito mais velho que eu) e que está internado num hospital com uma leucémia em fase terminal.

Os pais dele não conseguem lidar com a iminência da morte do filho, só o vão ver uma vez por semana e são incapazes de lhe mostrar os seus sentimentos ou de lhe dar qualquer espécie de carinho. O Oscar, coitado, não acredita em Deus porque os pais também não. Acreditavam no Pai Natal mas um dia o Oscar deu-lhes a notícia de que o Pai Natal não existe... E é uma das voluntárias, parecida com as do IPO e as da Acreditar que nos entretêm e falam connosco aqui no hospital, uma senhora cor de rosa, que encoraja o Oscar a escrever cartas a Deus para se entender com Ele - porque ela acredita que Deus existe - e para explicar o seu 'desagrado' com a sua situação. A peça é curta, a minha Mãe leu-ma rápido, (também aqui só estamos as duas e nem tenho os meus irmãos para ter de lhes fazer gracinhas) e a médica do IPO ainda veio dizer que a peça «é a cara da minha Mãe».

De facto, a minha Mãe gostou tanto de a ler como eu de a ir ouvindo! Não é lamechas, tem imenso sentido do humor, é duma grande intensidade humana. Dois polos fazem girar toda a história: a gestão da morte e o testemunho de quem acredita em Deus.

Para a Vóvó Rosa, como lhe chama o Oscar, Deus é de tal maneira uma verdade vivida que é com toda a naturalidade que Ele faz parte do seu dia a dia. E por isso também do seu voluntariado junto dos doentes. Acho tão gira aquela lógica de 'se Deus existe não perdes nada em Lhe contar o que sentes...' O seu testemunho é feito de presença carinhosa e verdadeira. Não impõe - a felicidade não se impõe - mas não tem complexos nem falsos 'respeitos humanos'. É autêntica, diz a verdade, especialmente a verdade sobre a morte que se aproxima.

Fazer a experiência de Deus e do Seu Amor avassalador é tarefa pessoal, cada um de nós tem que a fazer por si. Mas como não estamos sózinhos no mundo, faz toda a diferença o testemunho de alguém que grite, pela sua alegria e serenidade, ter a certeza de ser amado por Deus. Lembram-se daquela expressão que Isaías põe na boca de Deus: ainda que uma mãe esquecesse o seu filho, Eu não te poderia esquecer, vê que te gravei na palma da minha mão... (Is 49, 15-16.) Wow! Somos seres comunitários, à imagem do nosso Deus que sendo um é trindade de amor. Por isso precisamos dos outros para sermos felizes. Precisamos que o outro nos mostre a face humana do nosso Deus. Precisamos duma senhora cor de rosa, quem quer que seja, que nos faça olhar para Deus com outros olhos, olhos de apaixonado.

Quando se tem a certeza do amor de Deus, um Deus que quando decide dar-se a conhecer, faz-se um de nós, partilha a nossa condição humana e dá conteúdo divino à nossa existência,... quando se tem a certeza do amor deste Deus, então a morte é a porta de entrada na verdadeira vida. Quem não consegue lidar com a morte fica sempre refém dela. E a vida é um contínuo fugir com o rabo à seringa, se é que me entendem... Só vive em paz quem sabe que do lado de lá da morte tem o seu Deus de amor e misericórdia pronto a acolher quem gravou na palma da Sua mão. E sabendo isso, quem não procurará viver bem, viver em resposta a esse amor?

À medida que vai escrevendo a Deus, o Oscar vai baixando as defesas. Vai descobrindo que, como Jesus na cruz, é possível sofrer sem dor, que um amanhecer revela a incansável persistência do amor de Deus por si e experimenta finalmente a paz, a alegria e a felicidade. É ele Oscar que acaba por falar aos pais na morte, na sua e na deles, e reconciliado com a vida morre completo.

Gostei muito de ouvir a minha Mãe ler-me a história. Eu por mim, tenho a sorte de me terem falado de Deus desde antes de eu nascer, por isso é tudo bem mais simples. E depois, tenho tanta gente que gosta de mim e fala de mim a Jesus que estou muito bem acompanhada. A todos agradeço e podem ter a certeza de que, quando as coisas me custam mais, penso em todos os que não têm o que eu tenho e isso ajuda-me muito.

Para a semana, espero já vos escrever de casa. Beijinhos a todos

Marta

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Dear everyone

My new catheter has been troublesome: two of the stitches infected and had to be taken out on Monday the 25th. But my data had been at zero for a few days, so fever came along and so did checking in at the hospital for isolation and antibiotics… Such has been our week. On Saturday the 1st, I woke up complaining about the catheter and another stitch was taken out: there is now only one holding the catheter with the help of some adhesives. Data continue to be very low, blood tests are done daily and transfusions accordingly… My hair which had been growing since it first fell during the initial treatment is now falling again. I have grown fond of my nickname ‘baldie’ that my siblings so caringly call me.

One of the doctors at the hospital gave my Mom a play to read. It is now showing in Lisbon. It is called ‘Oscar and the Lady in Pink’ (‘Oscar et la dame rose’ in the original French) written by Eric-Emmanuel Schmitt. My Mother, who is not the type to keep good things for herself, read the play to me and we had some good laughs. It is the story of a boy, eight or ten, (I am not sure, but he is much older than I) who is in the hospital with terminal leukemia.

His parents, who cannot cope with the impending approach of their son’s death, only visit him once a week, incapable of sharing their feelings or showing him any kind of tenderness. Oscar, poor thing, does not believe in God because his parents don’t either. They used to believe in Santa Claus but one day Oscar broke the news that Santa does not exist... So it is one of the volunteers, like those here at the hospital who keep us company, a lady in pink, who encourages Oscar to write to God – for she does believe He exists. She tells Oscar it would be a good way of settling it out with God and voice his ‘discontent’ with the whole affair. The play is short, my Mother read it quickly (you know, here at the hospital it is only the two of us and we don’t have my siblings to take care of), and according to the doctor, it has my mother written all over it.

In fact, my Mother loved the play as much as I loved listening to it. It does not whine, it has great sense of humor, profound human density. Two elements structure the entire story: the question of death and the witness of a believer.

For Granny Rose, as Oscar calls her, God is such a lived truth that He is naturally part of her daily life. And so too of the way she understands what it is to be a volunteer with the sick. I like her logic ‘if God exists, you’re better off telling him your feelings’... Her witness is made of a caring and authentic presence. She imposes nothing – happiness cannot be imposed – but she does not go around with false ‘respects’ or qualms. She is truthful, particularly telling the truth about the approaching death.

To experience God and His overwhelming love is a personal endeavor, each one of us has to do it for himself. But since we are not alone in the world, it makes all the difference to be able to witness someone else scream, with joy and serenity, the certainty of being loved by God. Remember the expression Isaiah attributes to God: even if a mother could forget her own child, I could not forget you; see, I have carved you on the palm of my hand (Is 49: 15-16). Wow! We are communal beings made in the image of our God who, being one, is a trinity of love. So we need others, in order to be happy. We need others to show us the human face of our God. We need a lady in pink, or whoever, to lead us by the hand and teach us to look at God with different eyes, the eyes of someone in love.

When one knows that God who, deciding to make Himself known, chose to become one of us, sharing our human condition, giving divine meaning to our existence, when one is certain of this God’s love..., then death is the door to real life. Anyone who cannot deal with death will forever be its hostage. Life will be a constant running away from the syringe, if you know what I mean. Peace will be enjoyed only by those who know that, on the other side of death, there is a loving and merciful God waiting to welcome the one He has carved on the palm of His hand. Knowing this, who will not try to live well, to live in response to such love?

As he writes to God, Oscar lets go of his defenses. He discovers that, like Jesus on the cross it is possible to suffer without pain, that a dawn reveals the untiring persistence of God’s love for him and finally experiences peace, joy and happiness. It is he, Oscar who ends up talking to his parents about his and their death, and reconciled with life, dies complete.

I very much enjoyed to have my Mother read this story to me. I for one, am lucky that I have been told about God since before I was born, so everything is so much simpler. And on top of that, I have so many people who like me talk to Jesus about me, that I feel in great company. Each one I thank, and you may be sure that when things get tough, the thought of those who do not have it like I do, helps me very much.

Next week, I hope to write to you from home. Love to everyone

Marta